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Minhas marcas



Eu saí desse amor ferida
estropiada, machucada
Eu saí desse amor consumida
magoada, auto-estima abalada
Eu saí desse amor
como quem chega de uma balada
Olho fundo, maquiagem borrada
Cara boêmia que só é bonito nos filmes
Os espinhos desse nosso amor
roubaram-me um brilho que era só meu,
e toda confiança que eu tinha em mim mesma
Eu saí desse amor descrente do amor
Descrente de mim
Descrente da vida
Eu não poderia ter feito diferente?
Entregado-me menos a você,
quem sabe?!
E eu me entreguei
Despi-me de todas as armaduras,
roupagens, saltos e maquiagens
Fui me permitindo ser quem sou,
e permitindo me mostrar a você
Fui te dando o melhor de mim,
aquilo que vinha do fundo de minh'alma
Dentre mentiras, enganos e meias palavras
tanto rancor, tanta falta de verdade,
tando desamor..
Como chegamos até aqui?!
Eu me perguntava.
Saí dessa história pálida,
cambaleando emoções
Passei uns cinco meses chorando nosso fim,
rastejando-me pra vida
Meus olhos vermelhos
cansaram
de se olharem no espelho
e terem
pena dessa moça de cabelo oleoso,
e aparência cansada.
Mas no fundo
eu sabia quem eu era,
no fundo
de todo esse sentimento merda
eu sabia que eu não era nada mal.
Procurei sete benzedeiras,
dancei em chuvas,
gritei dores e rancores,
falei palavrões e te odiei,
pra depois te amar,
amar o que você estava me fazendo fazer,
fazendo eu me ver, eu me enxergar.
Dentre uma vivência e outra,
entre uma paixão e outra,
entre um poema e outro,
uma putaria e outra,
fui me achando,
e me apaixonando, e apaixonando,
e desapaixonando,
e cá estou,
sendo quem sou,
com as fraquezas que me são,
as quais aceitei, pois cansei de lutar,
aceitei as loucuras, carências,
intensidades e fogos, como meus,
queimei-me, sofri,
sofri perdas, rejeições,
gozei a liberdade de me ser,
gozei as descobertas, o desconhecido,
aceitei perdões, perdoei,
eu me perdoei..
Com cicatrizes e tudo,
segui.


Suelen Vieira




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