A cada toque eu estremecia
A cada beijo o quarto girava
A cada cheiro eu me entregava
Meu corpo a ti reagia
Numa química perfeita
Numa dança sincronizada
E nada,
nada do que eu dissesse
te faria entender
ou sentir
a delícia que é
estar aqui,
agora,
com você.
Houve um tempo,
lá atrás,
em que eu julgava errado,
desejar tanto,
querer assim,
desse jeito
e
de tudo quanto é jeito,
sujo, limpo,
babado, suado,
quente, molhado.
Houve um tempo,
em que eu não entendia,
que o sexo
e o amor,
podiam muito bem
andar juntos,
e
que flores também podiam
ser selvagens.
Hoje no silêncio,
ou em meio a palavras sacanas,
em meio a carícias,
e a puxões, e apertos,
entre amarras e solturas,
hoje eu deslizo entre esses mundos.
Todos eles.
No quadrado dessas quatro paredes,
criamos mundos,
pintamos e bordamos,
cantamos e dançamos.
Nas curvas de nossos corpos,
nove planetas,
universos,
e galáxias formadas,
ali flutuamos.
Falamos línguas estranhas,
de épocas distantes,
tudo no quadrado
desse quarto.
Damos forma a desejos
e emoções,
damos cores ao tesão,
damos nome
ao inominável.
Fazemos tudo,
de tudo,
com tudo,
com vontade,
com força,
com intensidade,
com velocidade,
e com calma.
Nos tornamos tudo,
e preenchemos
todos os espaços.
Nos tornamos música,
poema,
nos tornamos frase,
esquema.
Só não nos tornamos mesmo,
um plural.
Isso não.
Suelen Vieira
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