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Blasfêmia



Chegamos e entramos
Apagamos as luzes
Acendemos o abajur
O incenso e o cigarro
Nos acendemos
E agora, acesos
Beijos e abraços
Abraços e apertos
Você me vira
 De uma só vez
Me beija o pescoço
E as costas inteira
Sua presença se faz
Presente em mim
Toda
Inteira
Calor
Nas bochechas, no colo
Na cintura, nas coxas
E entre elas, e abaixo dela
Sua presença me preenche
Antes mesmo da tua posse
Estou entregue, quente
Ausente do resto
Presente no agora
Imploro. Por favor!
Por favor! Eu quero!
Agora! Por favor!
Agora você me vira de frente
De novo
De uma vez
Me olha nos olhos
Me olha na alma
De novo
Você me invade
Você tem disso
Sua presença ocupa espaços vazios
Me beija a boca
Me morde os lábios
Me beija no pescoço
Me puxa os cabelos
Me inclina, me faz gemer
Antes mesmo de me ter
Imploro outra vez
Por favor meu bem
Eu já não aguento mais
Finalmente um som
Além do som que toca no pc
Você:
- Ajoelha!
Eu, obedeço, imediatamente
E você me abençoa
Com a benção mais sacana de todas
Te dar prazer
Me dando prazer
Tu me levanta
De forma delicada
E me deita na cama
De forma não delicada
Já estou em êxtase
Quando vem beijando
Linha por linha
Dessa poesia
Blasfêmia!
Do centro de mim
Sai fogo que consome
E consome
Tudo ao redor de nós
Nos enlaçamos
Nos encaixamos
A gente se entende
E por agora
Nos temos
Tudo vira um movimento só
A luz, a música
Nós, os gemidos
O suor, a energia
Tudo vira uma coisa só
Tudo se transforma em uma
enorme explosão. Implodimos.
Blasfêmia!
Quando soltamos desse laço,
Desse nó,
Nos tornamos dois outra vez
Mas eu não sou mais eu
E você não é mais você
Tornamos-nos versões novas de nós
Misturadas e chacoalhadas
Consumidas e cansadas
Satisfeitas
Inebriadas
Luz apaga
Cigarro acende novamente
E nós dormimos
Até amanhã meu bem,
Durma com Deus!

- Suelen Vieira

Imagem: Kaethe Butcher

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