Pular para o conteúdo principal

Pintura





Vermelho rubro,
Azulejo branco,
Água corrente,
Transparente.
Pele fria, cinza;
Antes corada
De uma euforia
Arrancada.

Pintura numa tela,

De autoria desconhecida.
Autora desconhecida,
Dor desconhecida.

Fuga é o nome da arte.
Fuga é o nome do quadro.

Luz vem,
Luz vai,
Luz não tira ela dali.

Ela só conseguiu aumentar
O tamanho do buraco,
No centro do peito,
E ao redor do corpo,
E ao redor do quarto,
E ao redor da casa,
E ao redor da cidade.

E a cidade toda vai saber,
A dimensão do buraco
Que a engoliu para dentro de si,
Fazendo ela pintar esse quadro,
Com tons gritantes
Como sua dor,
Que berrava
Um vermelho rubro,
Em um fundo composto
De um frenesi louco,
De azulejos brancos
Com água corrente,
De cor transparente
Que não levou embora
O que deveria;

Mas era como ela queria ser
Transparente;
Primeiro por um dia
Depois por dois.
Até que todo dia.

Cores frias de uma pele fria,
Cinza,
Como andava a vida,
Que um dia foi antes corada,
Como foi a menina,
Ali estirada.

E a luz que entrou pela fresta,
Não aqueceu ela.
E a noite que entrou pela mesma fresta,
Não esfriou ela.
Mas dentro dela
Tudo era medo;
Até entender
A eternidade e o peso,
do quadro, ali,
por ela, feito!

- Suelen Vieira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sonhei com você

Acabei de olhar minha bunda no espelho, e os roxos estão lá. Inevitavelmente viajei pra noite passada. Fiquei com tesão só de lembrar. - o dia que precede a noite - Eu acordei no mó tesão. Tinha sonhado com você, então já acordei molhada, querendo seu beijo, sua mão me segurando, sua pele na minha. Querendo seu pau sabe, na minha boca, na minha cara, na minha boceta e no meu cu. Uma loucura, eu assumo. Muito tesão pra uma terça de manhã. Mandei um oi no Whats, e uma foto pelada. Ops. Você me respondeu: - Alguém acordou inspirada. - Sonhei com você. - Hummm. Conta. - Conto não, vamos fazer? - Vamos. Hoje? - Isso. - Eu te pego na sua casa 22h, pode ser? - Pode. Me arrumei pra ir pro trabalho, e fui. Passei o dia com tesão. E o dia falando sacanagem com você. Ia no banheiro, tirava uma fotinha dos meus peitos e te mandava. - Eles estão morrendo de saudade! Assim seguiu o dia. Finalmente fim de expediente. Vou pra casa, tomo um banho. Visto uma calcinha e sutiã de couro. V

Dia 21 de dezembro

O que aconteceu meu amor? O que aconteceu com o nosso amor? Que dia é hoje, sábado? Desde que dia estamos brigando? Por que mesmo, estamos brigando? Como nos tornamos isso? Seja lá o que for isso. Era pra ser só eu e você, essa semana. Por que não estamos nos amando, ao som de Erikah Badu? Quando te olhar passou a doer? Por que dói tanto? Quem traiu, quem mentiu? Quem xingou, quem ofendeu? Por que sinto medo ao te olhar? Por que você está a chorar? Eu só te vi chorar uma vez, no enterro da pessoa que você mais ama. Isso é um enterro de nós? Por que meu corpo arde? Por que me sinto em chamas? Por que dói tanto, meu amor? Por que parece agora que nos odiamos? Por que tanta imaturidade, minha, tua? Por quê? Por que eu estou gritando? Por que você está calado? Por que eu estou tão desesperada, assustada, acuada? Como meu amor, como chegamos aqui? De mim deitada na cama do hospital e você do meu lado, a nós dois gritando um com outro n

Deita

Vou me deitar que é pra te amar na horizontal. Deita aqui do lado pra admirarmos o luar. Contar estrelas, e catar as cadentes. Vira mar em meus lábios, agora(!) Vira amar no meu peito, urgente(!) Vou me deitar, admirar-te virando luar... Admirar-te, virando e caindo, verde relva sobre [mim. Chove comigo, de prazer e de dor. É tanto amor que sinto a sanidade sumir. Escapa entre os dedos, os meus. Os seus passeiam, [por mim. Respira-me, até de fato eu virar ar. Ah, meu amor... Você me bagunçou, já nem sei quem sou. Se sou eu, ou sombra sua. Se sou minha, ou toda tua. Meu desejo, seu desejo, nos matando. Deita-te aqui, e observa o nosso amar nos consumir! - Suelen Vieira