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Tristeza



Ela chegou,
impossível não notar.
Ela chegou,
murchando risos,
mudando ritmos.
Ela chegou,
acelerou o coração,
desacelerou os passos,
que iam, agora,
lentamente,
pra debaixo da coberta,
se deitar com ela.
Ela chegou,
e ela é linda,
tem uma beleza fria,
e também muito triste,
quase mórbida,
sempre irresistível.
Ela chegou,
me levou pra cama,
se deitou comigo,
e me jurou,
que só ela me ama.
Ela chegou,
e a gente se aninhou,
três dias seguidos,
me sugou forças,
fez eu esquecer
das horas.
Ela chegou,
me consumiu,
me devastou,
me mastigou,
e me cuspiu.
Eu me enrolei inteira nela.
Transamos.
Trepamos.
Fodemos.
Amamos.
Choramos.
Adeus!
Chegou a hora
de mandar
ela embora.
Pedi com gentileza,
que se retirasse
da minha cama.
Ela foi pro sofá,
depois pro meu chuveiro,
me acompanhou em
uma ou duas saídas.
Quando conheci alguém novo,
ela estava ali.
Pedi novamente,
gentilmente:
- Vai embora da minha vida!
Ela já não se deitava comigo,
nem chorava comigo no banho,
já não me acompanhava
não, em todo canto.
A tristeza foi embora,
ela foi caladinha,
não bateu porta,
não me acordou às três
pra dizer adeus.
Não pediu uma última foda.
No fundo
ela sabia,
um dia,
faço aqui de novo,
moradia!

- Suelen Vieira

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