Boba
Sempre fui boba
Sempre, sempre
Quando criança pensava ter inventado a palavra PANQUECA
Gostava do som
Chamava as pessoas de PANQUECA
- Você é muito panqueca..
Também pensava que as luzes da Samambaia eram os Estados Unidos
- Um dia eu ainda vou lá
Via a revista Casa&Cor e falava, vou ter uma casa assim
E um quarto assim
E um jardim assim
E ouvia que sonhava demais..
- Eu vou ter, você vai ver..
Fazia shows pra uma plateia de ninguém
O lençol virava o vestido das épocas antigas
Eu era princesa
Eu era rainha
Passava horas apenas e somente, sonhando acordada
Imaginando príncipes
Campos verdes
Girassóis
Não fui uma criança de correr na rua, sabe
Andar de bicicleta
Essas coisas
Fui uma criança lúdica
Sonhadora
E me tornei uma pré adolescente e uma adolescente
Igualmente sonhadoras
Quantos dramas
Amores
Cadernos
Rabiscos
Rasuras
- Agora vou morrer, certeza!
Até que me tornei uma adulta
E adivinhem só
Não mudou nada
Sonhadora
Lúdica
Apaixonada
Sofre
Sorri
Chora
Ama
Desama
Eu só não invento mais palavras,
Mas gosto muito delas
É a maneira de jogar pra fora o turbilhão de pensamentos que há em mim
Ainda canto pra plateias de ninguém
Ainda sonho com viagens
Agora uma Europa, quem sabe
Danço diante do espelho
Pulo no chuveiro
Sonho menos acordada, é verdade
Mas penso, penso demais
E os projetos não são meros sonhos?
Não mudaria essas características em mim
Apesar de todo sofrimento que me causa
Minha intensidade faz de mim o que sou
É parte da minha essência
E se me perguntarem como eu gostaria que fosse a minha filha
Eu diria que o meu sonho, é que ela fosse o tipo de criança que fui
Que acabou me tornando a adulta que sou
Boba
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