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Limite



Eu cheguei no limite de tudo,
cheguei ao ponto de não querer me mexer,
cheguei ao ponto de estar cansada demais pra me levantar,
cheguei ao ponto de estar cansada demais pra sorrir.
Quem me visse,
saberia que algo foi embora de mim.
Quem me visse,
saberia que eu te perdi,
ou que nunca tive a ti.
Eu cheguei no limite de mim,
e de lá comecei uma procissão,
uma romaria,
até chegar do outro lado
de mim.
Ainda estou no meio disso,
mas já consigo que meu ponto de vista
seja maior que um funil.
Foi loucura o que fiz,
foi loucura o que fizemos.
De dois, viramos três,
e depois viramos quatro.
Foi loucura me preencher de ar,
foi loucura esperar.
Foi loucura te amar.
Foi loucura pensar te amar.
Nossa loucura era bem depravada,
até nossa tristeza foi depravada.
Foi loucura esperar algo disso.
Fui louca, e por isso fiquei louca.
Eu cheguei ao extremo da minha sanidade,
ao extremo da minha intranquilidade,
ao extremo de toda minha intensidade.
Eu não tinha essa intenção,
não tinha.
Mas foi assim, ficou assim.
Você me fez pedidos que não gosto de pensar neles,
você me fez pedidos que eu não podia aceitar.
Aceitei.
Você me fez pedidos que me machucaram,
você me pediu pra aceitar, pra calar, pra ir, pra não voltar.
Aceitei.
Depois do seu último pedido,
eu me desmanchei em todo o meu drama,
me deixei ficar prostrada,
me permiti desacelerar,
me permiti parar de pensar, de planejar,
só vivi, só contemplei, só me aquietei, só me afastei.
Lágrimas correram na horizontal de um quarto desconhecido,
lágrimas tão já conhecidas,
vozes me disseram frases batidas,
e minha consciência me cobrou atitudes.
Eu fui,
eu parei de olhar pra trás.
Escrevi, cantei, fiz músicas, ouvi músicas, recitei.
Eu te transformei.
E me transformei ao te transformar.
E uma lágrima ontem escorreu,
de novo na horizontal,
agora de uma cama conhecida,
agora uma lágrima de alegria,
eu estava em paz,
alegre sem precisão de nada.
Eu me sentia eu.
Agradeci,
e dormi.
- Suelen Vieira
Imagem: Daniele Pugen

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