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Mostrando postagens de outubro, 2016

REAL

Tão real como a briga do casal Tão real quanto a estria da menina Tão real quanto o carinha 'mó' boçal Tão real quanto a masturbação feminina Tão real quanto o aborto na surdina Quanto a morte dessas mina Tão real quanto essa sina Sina de nascer mulher Real que nem chacina Sina de ser Estér Sina Tão real, quanto espiritual Tão real, quanto traição virtual Tão real quanto heterossexual E homossexual E bissexual E transexual Tão real quanto o sexo sem consenso A piada sem senso O assédio intenso Tão real quanto pontual O perigo de ser mulher Nesse mundo atual E também tão démodé Tão real quanto necessária Essa luta diária De desconstrução Pra buscar evolução E também revolução Principalmente revolução Assunto sério Assunto real Assunto mulher Tão sério que termina sem rima (Suelen Vieira)

Shiii..

O silêncio é um som assustador Tem mais notas do que a Nona Sinfonia O que são os trompetes de Beethoven Perto de um silêncio ensurdecedor No silêncio meu corpo grita por socorro O mesmo corpo que pede pelo toque Ou repele seu contato, no silêncio No silêncio a gente termina relações No silêncio a gente começa paixões O que calamos diz tão mais do que falamos O que calamos diz tão mais do que queremos É em silêncio que faço minhas preces E é também em silêncio que falo alguns palavrões O mesmo silêncio que esperneia minhas emoções A gente mede palavras Silêncios não Esses saem desvairados por aí Nos deixando rendidos Àqueles que se atentam em os ouvir (Suelen Vieira)

Permita-se

Se tem uma coisa que eu faço bem, essa coisa é me permitir.. Eu me permito Permito-me chamar uma, duas, quiçá até três Permito-me querer, desejar, e até gostar Permito-me falar desse gostar Mesmo quando não deveria Permito-me sentir Mesmo com os riscos que correria Ou corro ainda Permito-me ir, ficar e voltar Permito-me ser quem sou, desse jeitinho mesmo Mesmo que você ria Ou sorria Ou fuja Com a maior maestria Só não me permito permanecer onde não me permitam Tá vendo só Sou super permissiva! Suelen   Vieira

Pudor

Eu ainda tenho pudor demais, sabe? Se tem algo que é libertador, essa coisa é a escrita. Mas eu ainda tenho pudores demais. Vergonha, receios.. Falta coragem de explicitar certas emoções.. Aquelas que não contamos nem a nós mesmos.. E seguimos, escrevendo metáforas, Contando meias histórias, Fazendo de conta, Mascarando nossas emoções, Desejos, vontades. Mas de tanto que isso nos faz quebrar a cara, Creio que aprendemos, Tanto na escrita, quanto na vida.. E aí que surge os textos rasgados de verdade, As atitudes cheias de sinceridade, Passamos a não só nos conhecer, Mas a saber até aonde devemos, Queremos, e podemos ir.. Mais uma vez, Tanto na escrita, quanto na vida. (Suelen Vieira)

Rasura

Quantas vezes já não me perdi Perco-me em meio às palavras Em meio aos rascunhos Rasuras e cartas escritas E também, nunca entregues Perco-me em minhas escolhas Desejos Decisões Projetos Perco-me no tempo Quantas portas erradas Janelas saltadas Paredes pintadas E depois repintadas A escolha errada Nunca se parece errada Quando escolha Nem tampouco, a certa Te convence de primeira E essa é a dinâmica da vida Erro Acerto Fins Recomeços O que importa no fim É o agora Viva o agora No fim era erro? Acaba Pinta a parede Segue adiante Dói? Viva a dor Chore dias À noite rias Perder-se sempre Pra se encontrar depois Perder-se sempre Pra se descobrir melhor Perder-se sempre E sempre Suelen Vieira

Adjetivos

Eu sou o caos Uma bagunça ambulante Convidativa Extrovertida Reclusa Reservada Confiante Desconfiada Assanhada Tímida Desbocada Rebuscada Risonha Chorosa Brava Apegada Dada Enciumada Fácil Complicada Bêbada Errada Careta Bolada Mulher Menina Garota Maluca Carente Fria Quente Ausente Eu sou um caos Só buscando ser desvendada Pra que digam: - Ela só está apaixonada! Suelen Vieira Imagem: Sylvie Guillot

Rasura

Quantas vezes já não me perdi Perco-me em meio às palavras Em meio aos rascunhos Rasuras e cartas escritas E também, nunca entregues Perco-me em minhas escolhas Desejos Decisões Projetos Perco-me no tempo Quantas portas erradas Janelas saltadas Paredes pintadas E depois repintadas A escolha errada Nunca se parece errada Quando escolha Nem tampouco, a certa Te convence de primeira E essa é a dinâmica da vida Erro Acerto Fins Recomeços O que importa no fim É o agora Viva o agora No fim era erro? Acaba Pinta a parede Segue adiante Dói? Viva a dor Chore dias À noite rias Perder-se sempre Pra se encontrar depois Perder-se sempre Pra se descobrir melhor Perder-se sempre E sempre Suelen Vieira

Uma gota

Por um momento me tornei gota Passeei por ali Descobri curvas dessa garota Juntei-me às tuas lágrimas Senti o salgado de cada uma delas Chegarem ao doce dos lábios Doces lábios Salgadas lágrimas Doces curvas Salgadas dúvidas Como gota me juntei ao teu suor O suor do amor Tornei-me amor Percorri cada linha tua E descobri o que nem sabes ainda Que és linda, menina Da cor dos olhos Ao desgrenhado dos cabelos Da cor da pele mais escura Ao formato das curvas Que no espelho Teu olhar insiste em criticar De cada uma das manchas A finura da cintura Do jeito que olhos sorriem Ao jeito que eles choram Percorri-te toda, E me apaixonei Como não poderia ser diferente Se tivesses a oportunidade que tive Também se apaixonaria, fique ciente Descobri-te encantadora Tentadora Inspiradora E os melhores 'ora' que a língua permite Ora, ora Descobri-te tu Suelen Vieira

Nada

Essa loucura me atrai e me assusta Afasta e me puxa Esfola e abraça Arrasa e enlaça Essa loucura é bem louca Até mesmo pra minha sensatez tão pouca Acalma e agita Me bate e depois acaricia Me fala pra ir Só não me pede pra voltar Mas até agora voltei Só pra ver no que dá E só deu em loucura Em fissura Nada de ternura Acho que me falta postura Pra viver tamanha aventura Sei lá Talvez sejam só palavras combinadas Que no fim nem combinam Que no fim não vai dar em nada Aliás, pode ser esse o nome dessa fábula Nada É, gostei Boa noite, falhei.. Ou finalmente acertei.. Suelen Vieira Imagem: Duarte Vitoria

Em chamas (+18)

Noite passada Dissestes-me: Tenho uma surpresa pra ti.. Colocou em mim uma venda, de cor roxa Detalhes que só eu pra me atentar Já vendada, coração acelerado - Hoje você não verá, só sentirá! Amarrou as minhas mãos a uma de minhas pernas.. Deitou-me Tudo escuro pra mim, ali, diante de ti Nua, molhada, entregue, vulnerável Sensações, tremores, temores Sinto sua boca, seus lábios, suas mãos Seu toque a percorrer meu corpo Presa, rebolo enlouquecida Movimentos cerceados Derreto-me nos seus lábios Entrego-me ao prazer Ondas de calor percorrem meu ser Seus dedos, seus lábios, frenesi, paixão Gozo, pela primeira vez na noite Você se afasta Não vejo nada, apenas sinto sua presença Densa, quente Por cima de mim Colocando-se em minha boca E tirando, e colocando novamente Eu já louca, vontade de te engolir inteiro De te sentir, sentir seu calor Você se afasta novamente Puxa-me pelos pés para a beirada da cama Conduz-me a ficar de pé Sinto-me ingênua, menina

Relicário

Você tem um objeto valiosíssimo Uma pequena relíquia de estima emocional E a entrega a um terceiro, para que ele a guarde por você O objeto é tudo pra ti E apenas um objeto pro outro É o que fazemos, quando entregamos a responsabilidade pela nossa felicidade, na mão de alguém É o que fazemos, quando entregamos na mão do outro, a responsabilidade por nossas escolhas Estamos entregando nosso relicário, pra quem o considera apenas um objeto em desuso E a culpa não é do outro  Zele você, pelo o que te tem valor! Suelen Vieira

Sonho

Respirou fundo Flutuou Silêncio se estabeleceu em meio ao caos Leve Ouviu seu próprio coração Tum-Tum É só o que ele diz Nem vá Nem fique Apenas Tum-Tum Temeu, receou É muito alto daqui É muito silencioso aqui É muito escuro também É muito solitário, alguém? Tum-Tum-Tum-Tum Ouviu novamente seu coração Que agora gritava, lembrando uma ensandecida bateria Sentiu o sangue gelar pelo corpo Suava frio Abriu o olhos O teto do seu quarto, viu! Suelen Vieira

8 ou 80

Eu e essa mania de 8 ou 80 Quando não sobra Falta Quando não santa Diaba Quando não transborda Drena Quando não derrama Goteja Quando não corre Arrasta-se Eu e essa mania de 8 ou 80 Quando não sofro Magoo Quando quero Quero demais Quando não Não Não mesmo Eu e essa mania de 8 ou 80 Totalmente oito Totalmente oitenta E em nenhum deles Permanência Eu e essa mania de 8 ou 80 A falta de equilíbrio De constãncia Que cansa Que pira Desgasta Desequilibra Ah mania feia E romantizada De ser oito Ou oitenta Suelen Vieira Imagem: Apollonia Saintclair