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Mostrando postagens de 2016
Tem dor que só precisa de um ouvido, só precisa ser ouvida, você vai aconselhar, vai falar coisas que até tem sentido, mas aquele que está em dor, muitas vezes não irá te ouvir, ele quer apenas sentir-se acolhido, só quer sentir-se abraçado, amado, querido. Ele não está no momento de querer analisar o que está se passando com ele, não está no momento de entender a dor, ele não quer entendê-la, mas ele sabe que ela dói, melhor do que ninguém, ele sabe! Então abrace, abrace bem forte, passe seu amor, sua fé, passe toda energia boa, num abraço bem apertado! Suelen Vieira
Logo eu, Que sempre fui de planejar cada passo Tenho tido preguiça de planejar até o almoço Logo eu, Que sempre fui de sofrer antecipadamente Tenho repetido com certa frequência, as seguintes frases: Amanhã penso nisso, Amanhã me estresso com isso, Amanhã sofro, se tiver que sofrer disso Se isso é viver melhor Ou protelar as decisões Eu não sei ao certo E também não vou pensar nisso agora.. Vou vivendo cada coisa no seu tempo, pelo menos a maioria das coisas, na maioria das vezes! Suelen Vieira

Elis Regina - Ponta de areia/Fé cega, faca amolada/Maria, Maria - (Montr...

Menina Arco-íris

Pintou-se de preto e branco Escondeu-se no cinza Correu para as cores frias Conteve seus passos Cerceou seus movimentos Questionou seus pensamentos Sua sanidade Suas vontades Seus quereres E até sua personalidade Usou de todos os artifícios Para esconder suas cores Cores vivas Cores quentes Cores de um veraneio Junto de suas cores Escondeu emoções Aceitou o inaceitável Permitiu que por ela Escolhessem Do prato Ao retrato Do parto  Ao fardo Que carregou em silêncio De tanto diminuir-se Encolheu em si mesmo Em sonhos Propósitos E divagações  De tudo que poderia De janeiro a janeiro Permaneceu ali Pequena, reclusa Até que  Num solstício de verão Explodiu em cores Pecou pela falta Explodiu pelo excesso De si, em si, por si, pra si! S uelen Vieira

Escrita

Vou continuar escrevendo Assim eternizo tudo Escrevo sobre a dor Mais tarde a releio Aprendo Apreendo Escrevo sobre o amor Que penso que sinto Mais tarde o descubro E o vejo como é E não era Escrevo sobre os fins Sobre os começos Sobres os meios Sobre os durantes Sobre as traições Sobre os problemas Sobre tudo Sobre nada Escrevo você Escrevo nós Começo nós na escrita Termino nós na escrita Relato os prazeres O gosto da boca Relato as dores O gosto da lágrima Relato nosso sexo Relato nossa dança E torno tudo eterno Eterno num poema Num conto Num verso Você pode me magoar Me quebrar Me machucar Mas o sorriso que me deu Tá guardado Desenhado Escrito por aí Eterno por aí E por isso continuo escrevendo E por isso insisto nisso O escrito vira O eterno brilho Da mente sem lembranças Sem memórias Suelen Vieira

Tiras

Tira Tira a calça Tira o vestido Tira a roupa Tira a vergonha Deita Beija Agarra Arranha Aperta Puxa Morde Ama Bota Bota fogo nessa cama Bota tudo Bota fogo nesse quarto Bota tudo Se esvai em mim Que eu me derreto em você Vai por mim Nessa noite cabem três Bota Bota calça Bota vestido Bota roupa Bota vergonha Deita Beija Abraça Afaga Carícia Conversa Mordisca Ama Suelen Vieira

O ser

A paz que me faz A calma na alma A luz que me traduz A sina que me assassina A guerra que me enterra Guerra que me encerra A ressalva que me salva A jura que me cura A tormenta que me alimenta A vingança que me cansa A prece que emudece O silêncio no ócio O grito no peito aflito A luta que transmuta O olhar que tira o ar O desejo que arranca o pejo Tua vinda que me finda A volúpia que arrepia O horror do que posso supor O amor pelo o que posso  compor A fé que me é O que sou E me faz E me traz E fará E trará Tratará  Apagará Suelen Vieira

Sobre tudo e sobre nada

É o fel É o mel É o céu É o véu É o feto O afeto É o mito O aflito É o fim É o sim É o não E o pois não É o pão Que me negas É a vida Que me tiras É vida? E quem é que dita? Concepção? Ou não? É o passado Que condena É o futuro Obscuro É o muro Que constróis É a destruição Do orgulho É a arma Que mata É a música Que salva É a droga Que explora A cultura Que sutura É o machismo O sexismo O passado No presente Pai ausente Filho carente É o tudo É o nada Todos os assuntos De nenhuma alçada Suelen Vieira

Bem no mal

Estou bem Mas às vezes fecho os olhos E sinto que algo em mim, chora O fato de estar bem Reforça a desconfiança que estou mal Como estar bem Num mundo tão mal Tanta maldade e miséria Tanta tristeza e ingratidão Será que é possível estar realmente bem Ou é só ilusão? Uma faixa que nos cega Falta de compaixão Será que a bondade é tão forte Que consegue nos deixar realmente bem Nesse mundo que jaz no mal Será que é falta de empatia? Ou é, de fato, paz de espírito? Quão resistente é isso? Será que é possível ajudar em algo com isso? Se não mudamos nada ao nosso redor Nossa tranquilidade vale algo? Ou se torna apenas frieza? Ou nos tornamos, apenas imunes? Suelen Vieira

Cores

Se eu abro os olhos É tudo preto e branco É tudo acizentado Só violência E dor Só preconceito Ego E Egoísmo Mas se eu os fecho Ah eu vejo tudo em cores Vejo montanhas Que pintam um céu azul Vejo um lindo horizonte De esperança E união De fé E caridade Aqui, Embaixo das minha pálpebras Tudo é em cores Cores fortes E vivas Cintilantes E minhas Suelen Vieira

Vem cá

Vem cá, E traz um pouco de calmaria Pra essa bagunça  Pra esse caos Vem com tua calma E desacelera os meus ponteiros Que insistem em correr Sem porque Sem pra que  Sem direção Sem razão Só correm Ansiosos por um amanhã  Que nem sabemos se virá Vem cá  Com tua calma quase fria Que aquece tudo em mim Tudo em nós Nessa cama Nesse quarto  Tudo inflama  Tudo em chamas  Vem cá,  Um pedido que sai num só gemido  Quase inaudível  Que só se faz presente Quando colo minha boca No teu ouvido E sussurro baixinho  "Vem cá" Suelen Vieira

Segredar

Vou inspecionar você Até descobrir Cada segredo Que sua alma guarda Até descobrir Cada mistério Que te faz Você Suelen Vieira

Espetáculo

Se fazes da vida Rascunho mal feito A quem culparás Senão a si mesmo? Se não te colocas Como protagonista Da sua própria história A quem culparás Senão tuas escolhas? Se não és autora Do teus enredos E roteiros A quem culparás Senão os teus medos? Cria, recria Artista, protagonista Escreva a ti mesmo Mas nunca assista Seja aplaudida Não seja aplauso Não da tua vida Quem decide a hora de fechar as cortinas És tu! (Suelen Vieira)

Ser

Eu não sou várias coisas que eu gostaria de ser Mas sou várias coisas, que um dia quis Sou o potencial do que me tornarei E o espectro do que me tornou Sou um passado Um presente E um futuro Entrelaçados por possibilidades Pecados E pretensões Sou um todo Preenchido de sombra e luz De ontem e hoje De amanhã e depois Sou o agora E não posso ser mais que isso Não hoje! (Suelen Vieira)

Coexistindo

Penso, logo existo E se penso demais? Existo em demasia? Penso tanto Que hesito tanto Hesito tanto quanto existo E a cada hesitar Deixo de ser Quando deixo de ser Não sou Quando não sou Não existo Quando não existo Não penso Se não penso Faço Quando faço Erro Acerto Arrependo-me Vivo, enfim E quando vivo Existo Existência na medida Sobriedade Sanidade Linha tênue Do pensar (Suelen Vieira)

No trem

Ela à direita Ele à esquerda Ela olhando pro nada A sua direita Ele olhando pro nada A sua esquerda Até que no nada Seus olhares se cruzaram Diante do reflexo Na janela do trem Já não viam mais o nada Agora se viam E o nada nunca mais seria igual Novamente Pois que agora No nada eles se tinham E no se ter Eles tinham tudo (Suelen Vieira)

Cuide-se

A raiz dos meus problemas está em mim mesma... Não nisso Não naquilo Nem ali Nem acolá Em mim E só a mim Cabe cuidar.. Suelen Vieira

Passamos

Acabou! Se dormir, ali, deitada ao seu lado, foi fácil? Não. Lembro perfeitamente o pesadelo da noite, meu corpo inteiro em chamas. Calor, pele derretendo, ossos virando pó, eu desaparecendo. Sumindo. Em dor. Pavor. Amanheceu. Ressentimento de café da manhã. Medo de almoço. Ida pra casa, silêncio absoluto. Despedida. Foi difícil me reerguer. Afinal de contas virei pó naquela noite. Mas cá estou, inteira. Sofrendo de outras dores. Sorrindo por outros motivos. A mágoa quase não vira mais o estômago. A lembrança praticamente não gela a alma. Passou! Passamos! Suelen Vieira

Saudade

Sentindo a presença desse universo inteiro, que sua ausência deixou...

Sem eira nem beira

Sou linha Sou lenha Sou fogo E fogueira Sou gota Sou mar Sou ar E poeira Sou grão Semente A colheita Inteira Sou calma Bagunça Um colapso À beira Sou fim E começo Um penhasco Ladeira Sou minha Sou tua Se chega E me cheira Sou noite Ou dia Quem sabe A maneira Sou sã Mantendo Ou perdendo A estribeira Sou ordem Sou erro Castigo Cegueira Sou dor Alívio Sou erva Cidreira Sou um conto Qualquer Sem eira E nem beira (Suelen Vieira)

Caos

Ah eu adoro sexo Muito mesmo Nem sempre precisa ser carinhoso não Aliás  Pode ser quase sempre um caos Sexo caos Emoção caos Mas eu odeio ir embora E por isso não me dou com sexo casual Não que eu não tenha tentado Tentei Provavelmente tentarei novamente E quebrarei a cara de novo Pois não gosto de tchau Não gosto do velho ritual Levanta, se veste Mãos dadas pra sair do motel Beijinho na porta de casa Beijo, boa noite Mensagem: Cheguei Outro dia: Ontem foi animal Eu gosto do abraço que vem depois Da dormida juntos Eu gosto de ser chamada dentre vários adjetivos De meu bem Gosto do beijo de boa noite E do beijo de bom dia Beijo com gosto de café com leite Mesmo não gostando de café com leite Não me dou com casual Por não gostar do tchau Por não saber lidar com a vontade de bis Por querer minutos de olhos fechados E ele de travesseiro  Eu considero esse carinho depois do sexo Parte do sexo Acho que por

Ilumina-te a ti mesmo

Joga luz em tuas vergonhas E lida com elas Ilumina tuas fraquezas E aprende com elas Deixe as lágrimas que precisam cair Rolarem Tudo em você Te faz você E nada menos A pior mentira que contas É aquela de frente o espelho Joga luz nos teus breus Agora mesmo! (Suelen Vieira)

Talvez

E se eu prometer que fico? Que não te deixo sozinha Que te esquento nas noites frias Que te abraço quando chorares Que sorrio contigo, quando sorrires E se eu prometer te ligar? No outro dia E pra saber como foi seu dia Pra te ouvir reclamar da correria Ou se gabar de como conseguiu resolver aquele pepino E se eu prometer cócegas? Risadas Cafés da manhã Lanches da tarde Noites viradas Manhãs sonolentas E se eu te prometer longos banhos? Banheiros suados Cheiro de shampoo E se eu prometer massagem? Nas costas e nos pés E se eu te prometer dois filmes seguidos E nenhum assistido Séries fechadas E discussão sobre livros E se eu te disser que eu não vou embora? Que estou louco pra descobrir cada linha sua Louco pra descobrir cada detalhe seu quando sorri pra mim Das aspas que ficam em volta do sorriso Ao brilho que fica no olhar Se eu falar tudo isso, Você acredita? Você fica tranquila? Você fica segura? Você fica? (Suelen Vieira) Imagem: Apollo

Ecos no silêncio

Vazio faz eco Eco faz companhia Eco, ecoa nós mesmos Eco, é cópia de mim Vazio que acompanha É vazio ainda assim Sozinho Uma música Acompanha a lágrima Que escorre sem pedir Eu, o eco de mim e a lágrima E um solo de guitarra do Nirvana Kurt também era sozinho Kurdt não Kurt se foi Kurdt não Meu vazio não é escuro E ecoa pedaços de mim (Suelen Vieira)

Juras

Juro ficar, Se jurares também.. Juro ceder, Se cederes também.. Juro me permitir ser protegida, Meu anjo bom.. Se jurares proteger De jura em jura, Vou fazendo morada em você Em baixo de suas asas No seu pensamento No seu coração De promessa em promessa, Tu vais fazendo morada em mim, No calor do abraço Na bagunça dos cabelos No suor de nós dois Fica anjo bom, Que eu fico também! Juro juradinho.. Com promessa de dedinho! (Suelen Vieira)

REAL

Tão real como a briga do casal Tão real quanto a estria da menina Tão real quanto o carinha 'mó' boçal Tão real quanto a masturbação feminina Tão real quanto o aborto na surdina Quanto a morte dessas mina Tão real quanto essa sina Sina de nascer mulher Real que nem chacina Sina de ser Estér Sina Tão real, quanto espiritual Tão real, quanto traição virtual Tão real quanto heterossexual E homossexual E bissexual E transexual Tão real quanto o sexo sem consenso A piada sem senso O assédio intenso Tão real quanto pontual O perigo de ser mulher Nesse mundo atual E também tão démodé Tão real quanto necessária Essa luta diária De desconstrução Pra buscar evolução E também revolução Principalmente revolução Assunto sério Assunto real Assunto mulher Tão sério que termina sem rima (Suelen Vieira)

Shiii..

O silêncio é um som assustador Tem mais notas do que a Nona Sinfonia O que são os trompetes de Beethoven Perto de um silêncio ensurdecedor No silêncio meu corpo grita por socorro O mesmo corpo que pede pelo toque Ou repele seu contato, no silêncio No silêncio a gente termina relações No silêncio a gente começa paixões O que calamos diz tão mais do que falamos O que calamos diz tão mais do que queremos É em silêncio que faço minhas preces E é também em silêncio que falo alguns palavrões O mesmo silêncio que esperneia minhas emoções A gente mede palavras Silêncios não Esses saem desvairados por aí Nos deixando rendidos Àqueles que se atentam em os ouvir (Suelen Vieira)

Permita-se

Se tem uma coisa que eu faço bem, essa coisa é me permitir.. Eu me permito Permito-me chamar uma, duas, quiçá até três Permito-me querer, desejar, e até gostar Permito-me falar desse gostar Mesmo quando não deveria Permito-me sentir Mesmo com os riscos que correria Ou corro ainda Permito-me ir, ficar e voltar Permito-me ser quem sou, desse jeitinho mesmo Mesmo que você ria Ou sorria Ou fuja Com a maior maestria Só não me permito permanecer onde não me permitam Tá vendo só Sou super permissiva! Suelen   Vieira

Pudor

Eu ainda tenho pudor demais, sabe? Se tem algo que é libertador, essa coisa é a escrita. Mas eu ainda tenho pudores demais. Vergonha, receios.. Falta coragem de explicitar certas emoções.. Aquelas que não contamos nem a nós mesmos.. E seguimos, escrevendo metáforas, Contando meias histórias, Fazendo de conta, Mascarando nossas emoções, Desejos, vontades. Mas de tanto que isso nos faz quebrar a cara, Creio que aprendemos, Tanto na escrita, quanto na vida.. E aí que surge os textos rasgados de verdade, As atitudes cheias de sinceridade, Passamos a não só nos conhecer, Mas a saber até aonde devemos, Queremos, e podemos ir.. Mais uma vez, Tanto na escrita, quanto na vida. (Suelen Vieira)

Rasura

Quantas vezes já não me perdi Perco-me em meio às palavras Em meio aos rascunhos Rasuras e cartas escritas E também, nunca entregues Perco-me em minhas escolhas Desejos Decisões Projetos Perco-me no tempo Quantas portas erradas Janelas saltadas Paredes pintadas E depois repintadas A escolha errada Nunca se parece errada Quando escolha Nem tampouco, a certa Te convence de primeira E essa é a dinâmica da vida Erro Acerto Fins Recomeços O que importa no fim É o agora Viva o agora No fim era erro? Acaba Pinta a parede Segue adiante Dói? Viva a dor Chore dias À noite rias Perder-se sempre Pra se encontrar depois Perder-se sempre Pra se descobrir melhor Perder-se sempre E sempre Suelen Vieira

Adjetivos

Eu sou o caos Uma bagunça ambulante Convidativa Extrovertida Reclusa Reservada Confiante Desconfiada Assanhada Tímida Desbocada Rebuscada Risonha Chorosa Brava Apegada Dada Enciumada Fácil Complicada Bêbada Errada Careta Bolada Mulher Menina Garota Maluca Carente Fria Quente Ausente Eu sou um caos Só buscando ser desvendada Pra que digam: - Ela só está apaixonada! Suelen Vieira Imagem: Sylvie Guillot

Rasura

Quantas vezes já não me perdi Perco-me em meio às palavras Em meio aos rascunhos Rasuras e cartas escritas E também, nunca entregues Perco-me em minhas escolhas Desejos Decisões Projetos Perco-me no tempo Quantas portas erradas Janelas saltadas Paredes pintadas E depois repintadas A escolha errada Nunca se parece errada Quando escolha Nem tampouco, a certa Te convence de primeira E essa é a dinâmica da vida Erro Acerto Fins Recomeços O que importa no fim É o agora Viva o agora No fim era erro? Acaba Pinta a parede Segue adiante Dói? Viva a dor Chore dias À noite rias Perder-se sempre Pra se encontrar depois Perder-se sempre Pra se descobrir melhor Perder-se sempre E sempre Suelen Vieira

Uma gota

Por um momento me tornei gota Passeei por ali Descobri curvas dessa garota Juntei-me às tuas lágrimas Senti o salgado de cada uma delas Chegarem ao doce dos lábios Doces lábios Salgadas lágrimas Doces curvas Salgadas dúvidas Como gota me juntei ao teu suor O suor do amor Tornei-me amor Percorri cada linha tua E descobri o que nem sabes ainda Que és linda, menina Da cor dos olhos Ao desgrenhado dos cabelos Da cor da pele mais escura Ao formato das curvas Que no espelho Teu olhar insiste em criticar De cada uma das manchas A finura da cintura Do jeito que olhos sorriem Ao jeito que eles choram Percorri-te toda, E me apaixonei Como não poderia ser diferente Se tivesses a oportunidade que tive Também se apaixonaria, fique ciente Descobri-te encantadora Tentadora Inspiradora E os melhores 'ora' que a língua permite Ora, ora Descobri-te tu Suelen Vieira

Nada

Essa loucura me atrai e me assusta Afasta e me puxa Esfola e abraça Arrasa e enlaça Essa loucura é bem louca Até mesmo pra minha sensatez tão pouca Acalma e agita Me bate e depois acaricia Me fala pra ir Só não me pede pra voltar Mas até agora voltei Só pra ver no que dá E só deu em loucura Em fissura Nada de ternura Acho que me falta postura Pra viver tamanha aventura Sei lá Talvez sejam só palavras combinadas Que no fim nem combinam Que no fim não vai dar em nada Aliás, pode ser esse o nome dessa fábula Nada É, gostei Boa noite, falhei.. Ou finalmente acertei.. Suelen Vieira Imagem: Duarte Vitoria

Em chamas (+18)

Noite passada Dissestes-me: Tenho uma surpresa pra ti.. Colocou em mim uma venda, de cor roxa Detalhes que só eu pra me atentar Já vendada, coração acelerado - Hoje você não verá, só sentirá! Amarrou as minhas mãos a uma de minhas pernas.. Deitou-me Tudo escuro pra mim, ali, diante de ti Nua, molhada, entregue, vulnerável Sensações, tremores, temores Sinto sua boca, seus lábios, suas mãos Seu toque a percorrer meu corpo Presa, rebolo enlouquecida Movimentos cerceados Derreto-me nos seus lábios Entrego-me ao prazer Ondas de calor percorrem meu ser Seus dedos, seus lábios, frenesi, paixão Gozo, pela primeira vez na noite Você se afasta Não vejo nada, apenas sinto sua presença Densa, quente Por cima de mim Colocando-se em minha boca E tirando, e colocando novamente Eu já louca, vontade de te engolir inteiro De te sentir, sentir seu calor Você se afasta novamente Puxa-me pelos pés para a beirada da cama Conduz-me a ficar de pé Sinto-me ingênua, menina

Relicário

Você tem um objeto valiosíssimo Uma pequena relíquia de estima emocional E a entrega a um terceiro, para que ele a guarde por você O objeto é tudo pra ti E apenas um objeto pro outro É o que fazemos, quando entregamos a responsabilidade pela nossa felicidade, na mão de alguém É o que fazemos, quando entregamos na mão do outro, a responsabilidade por nossas escolhas Estamos entregando nosso relicário, pra quem o considera apenas um objeto em desuso E a culpa não é do outro  Zele você, pelo o que te tem valor! Suelen Vieira

Sonho

Respirou fundo Flutuou Silêncio se estabeleceu em meio ao caos Leve Ouviu seu próprio coração Tum-Tum É só o que ele diz Nem vá Nem fique Apenas Tum-Tum Temeu, receou É muito alto daqui É muito silencioso aqui É muito escuro também É muito solitário, alguém? Tum-Tum-Tum-Tum Ouviu novamente seu coração Que agora gritava, lembrando uma ensandecida bateria Sentiu o sangue gelar pelo corpo Suava frio Abriu o olhos O teto do seu quarto, viu! Suelen Vieira

8 ou 80

Eu e essa mania de 8 ou 80 Quando não sobra Falta Quando não santa Diaba Quando não transborda Drena Quando não derrama Goteja Quando não corre Arrasta-se Eu e essa mania de 8 ou 80 Quando não sofro Magoo Quando quero Quero demais Quando não Não Não mesmo Eu e essa mania de 8 ou 80 Totalmente oito Totalmente oitenta E em nenhum deles Permanência Eu e essa mania de 8 ou 80 A falta de equilíbrio De constãncia Que cansa Que pira Desgasta Desequilibra Ah mania feia E romantizada De ser oito Ou oitenta Suelen Vieira Imagem: Apollonia Saintclair

Alvorecer

Olhe bem para o alto E verás o infinito De sonhos Olhas para o alto Contemple as belezas A natureza é essência divina E que divindade Olha bem Tens a cada amanhecer As mais belas provas de ternura É o sol que brilha É a luz que te ilumina É o calor que te abraça Que te aquece E conforta Chega o entardecer Pra nos mostrar Da união Do selo de amor Dia e noite Traçados no horizonte Dia e noite Como que dois apaixonados A mistura É a mais bela São as cores Da comunhão Contemples o crepúsculo E permita-se emocionar Com essa maravilhosa Manifestação Chega a noite Seus mistérios A lua a iluminar És tão bela Com suas fases Nos lembrando Que a beleza é mutável As estrelas São pontinhos de luz Que decoram Esse imenso céu azul São como pérolas Em volta de uma bela saboneteira São como pérolas Que caem em ti E fazem de ti A princesa que és E n'outro dia Novamente Alvorece Pra nos lembrar que A luz sempre brilhará O dia sempre chega

Viagem

Virei poeira E o vento me carregou Nesse passeio Quantas coisas me mostrou Da cor do topo da montanha Do cheiro do fundo do mar Do toque do voo pelos céus Do toque da areia ao caminhar Virei poeira E o vento me levou Sem destino fui por aí Contemplando mundos Dos mundos que visitei Reconheço nesse o pior Assumo Quando poeira Descobri o peso da matéria E já não quis mais voltar O vento sábio que era Olhou-me nos olhos e disse: - Acorda, é chegada a hora de retornar Eu poeira, virei lama - Por favor vento, permita-me ficar - Vamos lá, os deveres estão a lhe esperar E o vento implacável Foi me devolvendo Devolveu corpo Devolveu mente Pensamento Rotina Devolveu dúvida Missão Dever Devolveu obrigação Já não sou mais poeira Já não sou mais só consciência Já não lembro o que é voar Um dia vento querido Transforma-me outra vez Pra sempre dessa vez Em poeira nesse imenso cosmo Nesse dia serei só amor Nada de dor

Lago

Lindo lago verde Sua inconstância me convidando Respondo teu chamado E em sua direção me permito dois passos A suave água toca-me os pés Até os tornozelos Sinto a brisa Que chacoalha-me os cabelos Mais dois passos E a água toca-me os joelhos Sinto-a com as mãos Que vai desenhando ondas Finas linhas na pacata água de cor verde Aumenta-me a sede Aumenta-me a vontade O desejo de mergulhar De sentir o pacato lago me abraçar Dou mais dois passos cautelosos Toca-me a cintura E sinto o frio na barriga O arrepio na nuca A vontade vai se tornando medo E se eu me afogar? E se o pacato lago se agitar? E se ele me engolir? E se eu não conseguir submergir? A boca chega a secar A sede a aumentar Dou dois passos atrás O lindo lago verde se tornou assustador Intimidador São tantos E se Mais dois passos atrás Sinto a água escorrer pelo meu corpo Indo embora Esvaindo-se Junto com a coragem que me fez caminhar por essas águas S

Intimidade

Quando Camões disse: Que o amor é ferida que dói e não se sente Ele poderia facilmente, estar falando dela Bendita ou maldita intimidade Te corrói sem que você sequer perceba Sem que você sequer se dê conta Ferida aberta por escolha Ferida aberta aos poucos Com a cautela de um psicopata Conhecer e explorar curvas do corpo Descobrir e memorizar as linhas de expressão Decorar a posição das pintas espalhadas Decorar a posição dos pontos de cada frase falada Despir-se de novo E de novo E cada vez mais E pro outro Quanto mais tempo Mais a intimidade inflama Inflama pra além do prazer Aumenta o prazer Vira chama Reclama espaço E ganha E cresce E toma de conta de tudo Intimidade Ingenuidade Se sentir seguro Quando tão cara a cara Com o abismo chamado Vulnerabilidade Suelen Vieira

Serena Voracidade

Por baixo da serenidade que te vendo Há uma voracidade que me consome Causa fome E me engole E sumo E ressurgo Serena Voraz Tudo aqui Tudo nela Face calma Rugido na alma Silêncio na boca Barulho na mente Tudo aqui Tudo dela Cinismo? Segredo? Mentira? Mistério? Muito dela, pra dividir por aí.. Muito meu, pra mostrar fácil assim Suelen Vieira